terça-feira, 8 de setembro de 2009

Copo descartável

Incompreensível é o amor.
Às vezes você acha que já conhece tanto dele, quando na verdade ele não se passa de um desconhecido.
Você pensa que já viveu tudo, que já aprendeu tudo e que já conhece todas as armadilhas do amor. Porém, quando você se dá conta, acaba caindo em uma armadilha inédita.
Você faz tantos planos, tem tantos projetos e sonhos a serem realizados juntamente com o amor e com o dito cujo que o amor escolheu para você, mas, de súbito, quando você menos espera, os sonhos, projetos e planos são deixados de lado como um copo descartável.
Mas o amor não é um copo descartável. Que desprezível alma seria capaz de lidar com o amor dessa maneira?
Aquela cujos mistérios da vida desconhece, que não sabe as respostas de todas as perguntas, que não viveu nem metade do que ainda tem para viver. Aquela que tem alma de criança, que se desespera e que não suporta a mágoa, a dor e os outros sentimentos causados pelas incertezas do amor. Aquela que não sabe lidar com as situações que a vida lhe impõe.
Aquela que, neste exato momento, não se reconhece, não se entende e não compreende os sentimentos gerados em seu coração. Aquela que se tivesse escolha, faria tudo diferente. Aquela que gostaria de ter o controle da situação. Aquela que está triste e que gostaria de dar um basta na dor. Aquela que não sabe de todas as coisas, aquela que erra e acerta.
Aquela que sempre teve tanta certeza de que seria para sempre, que fazia declarações e escrevia cartas de amor, aquela que ouvia músicas românticas, que falava ‘eu te amo’, que sabia que amava. Aquela que é sentimental demais e não demonstra ser. Aquela que finge ser forte. Aquela que disfarça. Aquela que não sabe mais o que é amor.
Aquela que quer colocar um ponto final, mesmo sem saber se o final da história é realmente assim e sem saber se vai se arrepender depois. Aquela que quer paz, por um momento... Só quero paz.
Aquela que sofre, que chora, que ora, que clama por uma resposta. Aquela que queria estar em outro lugar, bem distante, apenas ela e Deus.
Aquela que pede perdão por toda desilusão causada.
O amor, de fato, é louco. O amor, ao meu ver, não tem descrição. O amor é roma, é amro, é armo, é arom, é omar, é oram, é maro, é mora, é ramo, é atrapalhado, complicado, confuso e estranho. Se não quiser enlouquecer, suplico, não atreva-se a entender o amor.
O amor é algo que convivo a todo momento. Mas que só agora percebi que apesar de estar tanto com ele, dele nada sei.
Tenho sentido raiva do amor. Porque ele me complica tanto. Eu não queria que fosse assim. Isso é por demais ruim. Amor é desengano, desafeto, desespero, descontrole. Amor é uma merda. Se o amor fosse concreto, queria estar com ele cara-a-cara, falar tudo o que sinto e machucá-lo sem dó, para que ele pudesse sentir na pele um pouco da dor que causa em nós.
Sei que devo amar o próximo como a mim mesma, mas abriria uma exceção para o amor. Como eu iria amar o amor depois de tudo o que ele me fez e me faz passar? Amor, me desculpe, mas por ora você está na minha lista negra _ que passou a existir agora somente para incluí-lo.
E entre encontros e desencontros, sonhos e pesadelos, razões e emoções, inícios e fins, vamos vivendo a vida.
Com ou sem você, com ou sem mim, é necessário continuar.
E eu poderia continuar escrevendo meus sentimentos. Contudo, vou parar agora.
Perdoe-me. Perdoe aquela que é incompreensível. Eu sou incompreensível. Incompreensível é o amor.
Eu sou o amor.
[13/11/2007]

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