domingo, 30 de dezembro de 2012

Boneca

Quero uma overdose de leitura, overdose de conhecimento, uma overdose de cultura
Não quero ser boneca maquiada, cheia de blush na cara, princesa camuflada
Quero de um conto mergulhar na fantasia, me entreter com poesia, buscar a sabedoria
Não, nada de ostentação, roupa cara, salto alto, não quero bolha no meu pé
Não quero me exibir para os homens, tampouco para as mulheres que só pensam em gastar
Quero sim gastar horas num museu e gastar minhas economias nas bibliotecas, nas livrarias
Quero literatura, quero Pessoa, quero Drummond
Quero Clarice Lispector, quero Cecília, quero Camões
Quero muita, muita poesia, quero até perder o fôlego e cansar
E adormecer de óculos, luz acesa e um livro na barriga
E depois de adormecer, quero sonhar...

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Maldito silêncio

É que é tudo tão previsível. Cumprimentos, beijos, abraços, risadas, gargalhadas, piadinhas e como somos felizes, sem problemas, sem defeitos. E você fica na sua, fala pouco, pensa muito. "Você fala muito, hein, to cansado de ouvir sua voz, cala a boca!" E você ri e concorda. E pensa: "E lá vamos nós outra vez." É porque é estranho. Te acham estranha, anormal, esquisita. Porque você fica na sua e você ouve muito mais. Mas não pode ser assim. Você tem que falar, você tem se mostrar, você tem que concordar, você tem que ser engraçado, fazer graça, achar engraçado e você tem que. Senão, você é quase um extraterrestre e você tem sérios problemas emocionais. Na verdade eu sou só quieta e só. É meu temperamento, minha personalidade. Mas o mundo não aceita. Porque vivemos em uma sociedade onde as pessoas não param de falar e se você não fala, maldito és tu. Mas já não tenho mais porque ligar. Já passou essa fase. Basta entender o silêncio. É fácil.

Desculpe


Perdoa a minha discrição
O meu silêncio e a minha timidez
Perdoa a minha vontade e só vontade de falar,
de tocar, de agir, de me expressar, mas não conseguir.
Perdoa o meu cansaço em excesso,
a minha passividade e a minha falta de senso
Perdoa por te querer e não mostrar
Perdoa por sempre só esperar
Perdoa por não corresponder
Perdoa por deixar pra depois
Perdoa a minha cabeça cheia de estar cheia
E esse jeito quieto, sério e sem graça
Perdoa por te entristecer
E por não ser a melhor pra você.

Às vezes

É que sou inquieta
Ás vezes indiscreta
É que sou descrente
Por vezes indiferente
É que sou incógnita
Sou doente
Sou sonsa, fingida
Inimiga, perdida
Doida, doída
Estranha, varrida
É que sou essa
Que foge, se esconde
Que chora
Mas que ri por fora.

Assim e só

Eu quis encontrar a maneira
Achar a solução
Quis ser a primeira
Quis ser a perfeita
Quis ser sem defeitos
Quis ser a mais bela
A mais comentada
A mais paquerada
A mais perfumada
Quis ser a razão da sua vida inteira
Quis ser a atração
Quis aparecer
Quis ser a vontade dos seus doces desejos
Quis ser teu prazer e teu pesadelo
Porém nada fui
Fui só o que sou
Sou essa e mais nada
Sou assim e só.